Videodocumentário
Na última quarta-feira, dia 25 de fevereiro de 2015, conclui o projeto Memórias do Porto - videodocumentário sobre o Porto do Capim da cidade de João Pessoa, Paraíba. O trabalho durou cerca de 5 meses, entre pesquisas, entrevistas com profissionais de áreas específicas e voluntariados da comunidade do Porto do Capim. O vídeo principal ficou com 21 minutos e 30 segundos. O DVD Memórias do Porto dispõe de 3 botões, sendo o primeiro o videodocumentário (vídeo principal); o segundo é Histórias (entrevista de pouco mais de 6 minutos com a professora e historiadora Regina Célia); e o terceiro botão é o Mapeamento (uma séria de fotos do Porto do Capim com curadoria do professor e orientador do projeto, Pedro Nunes Filho).
Considero este projeto o resultado de um jogo de ideias, cujo peso poético vai além do que o descrito em teorias. É uma mistura de sonhos, sentimentos, realidade, presente, passado e futuro. Acredito que esta tenha sido a primeira vez na vida que eu me vi jornalista nesses quatro anos de curso. Me encontrei na arte de investigar; a cada apuração degustei a felicidade de colorir a verdade em preto e branco; dividi minha alma com o vento que bate no trapiche do Porto do Capim, fiz parte da comunidade, senti a dor daquele povo, enxerguei com o olhar etnográfico de quem viveu e testemunhou as transformações do Porto do Capim.
O encanto do audiovisual me conquistou desde menino, quando vi os primeiros registros feitos por familiares (festas e reuniões dos Targinos). Desde menino, já imaginava, mesmo sem saber, o quanto era importante aqueles registros, mas eu só descobri o quanto aos 13 anos de idade. A morte de uma mulher que fazia parte da família - Tia Chiquinha - como era conhecida, fez-me alimentar a minha memória com fotografias e coisas que à pertencia. Eu senti falta de vê-la em vídeo. Isso fez-me odiar a morte por tê-la levado desse lado do universo. Aos 18 perdi uma amiga pro Lúpus - uma doença miserável e egoísta. A última coisa que lembro de Poliana é de vê-la deitada sob flores lindas. Nesse dia chorei no ombro de uma namoradinha na época. Chorei por saber que aquela imagem duraria pra sempre. Chorei por não ter uma foto, um registro visual, nada que alimentasse minha memórias para conservá-la em mim de outra forma.
Dia 2 de fevereiro de 2012, numa manhã de quinta-feira, eu perdi a pessoa que eu mais amava nesse mundo. O meu avô Antônio Targino. Ele e parte da minha lucidez morrera junto naquela manhã terrível. Acordei aos gritos de familiares. Minha inquietação na noite anterior me fez dormir no chão da sala abraçado com a cerâmica gelada. Parece que eu estava sentindo que uma energia pesada e ruim estava se aproximando. Mas nunca imaginei que seria a pior dor do mundo. Perdi um amigo; perdi um avô; perdi as forças. Me resumi a saudade e a dor que eu estava sentindo. Nessa fase eu já era aluno do curso de comunicação social da UFPB. Foi exatamente essa dor que me deu um chute parta pensar e estudar sobre memórias, sobre a importância da conservação, e sobre trabalhos audiovisuais com idosos.
O que essas coisas tem haver com este projeto Memórias do Porto? Quase tudo. Talvez eu não tenha deixado claro no relatório apresentado à banca que julgou o projeto. Transformei minha dor em amor e casei-me com as teorias de Ecléa Bosi e as "narrativas sensíveis dos grupos fragilizados". Em nome do meu amor às rugas da terceira idade, simplesmente escolhi trabalhar com idosos, escutar suas histórias, me arrepiar com suas empolgações e sentir a energia de pode viver de certa forma as experiências compartilhadas. É gratificante escutar, fazer um recorte audiovisual do presente, conservar o passado em documento e registrar a memória.
Eles estão bem perto de desaparecer e a memórias é algo que perece junto com a pele que nos encobre. Eles, os velho, a terceira idade e tudo de mais bonito que essa fase carrega, foi o motivo simples de me fazer um documentarista da memória. Memórias do Porto é só o primeiro de muitos projetos que virão com essa mesma linguagem. Eu quero colecionar histórias contadas por eles.
Eles estão bem perto de desaparecer e a memórias é algo que perece junto com a pele que nos encobre. Eles, os velho, a terceira idade e tudo de mais bonito que essa fase carrega, foi o motivo simples de me fazer um documentarista da memória. Memórias do Porto é só o primeiro de muitos projetos que virão com essa mesma linguagem. Eu quero colecionar histórias contadas por eles.
Eu passaria horas falando sobre e não descarto a ideia, em hipótese alguma, em transformar Memórias do Porto em livro.
(Em breve o link do vídeo estará disponível no youtube)