sexta-feira, 21 de março de 2014

Fortaleza

O Artista de Iracema

          Estava passeando na Praia de Iracema, no calçadão onde ficam os comerciantes que alugam patins e bicicletas, bem nas proximidades da Ponte dos Ingleses. Andando em direção à ponte, parei para comprar água na banca de um senhor. Paguei R$ 1,50, abri a garrafa, bebi alguns goles e subi os poucos degraus que dá acesso a encantadora Ponte dos Ingleses. Fiquei parado na lateral esquerda da ponte, observando as manobras dos sufistas que se arriscavam nas gigantes ondas que quebravam naquele lado da praia. As performances dos sufistas também poderiam ser vistas de cima da Ponte dos Ingleses, ou até de um pouco mais longe, na parte metálica em ruínas, que fica logo depois do revestimento de madeira. Um lugar genial que provoca uma boa adrenalina em quem se arrisca ultrapassar as delimitações da parte de madeira (na aconselhável, pois, não tem segurança nenhuma, e o vento pode arrastar qualquer magrinho concreto abaixo. heheheh). 


          Depois de admirar mais um lado da Praia de Iracema, quando estava retornando para o hotel, vi um homem sentado. Ele movimentava as mãos rapidamente, parecia descansar num dos grandes acentos circulares de concreto, um pouco adiante do Bar dos Piratas. Ele parecia cantarolar alguma coisa que não identifiquei. Mal reconheci a letra. Ele também não ajudou muito. Quase que soletrava em sopros. Quando fui me aproximando, o homem levantou e foi bem direto: "você teria 30 segundos para me deixar te mostrar o meu trabalho?", disse ele. "Claro. Pode falar, amigo". Respondi. Não acredito que muitas pessoas escutassem aquele rapaz trabalhador e cheio de alegria. O índice de violência naquele lado famoso da praia de Iracema, é muito alto.

Era mais fácil acreditar que se tratava de qualquer outra coisa. Mas eu não tinha nem receio de ser assaltado. Se fosse um assaltante, eu já estava preparado para entregar meus bens: um celular velho e algumas moedinhas que eu tinha nos bolsos. A educação do moço que se aproximou meio rasgado, com as vestes sujas e um cheiro complicado, porém, suportável, deixava claro na energia do seu olhar que não se tratava de alguém ruim. Foi exatamente os 30 segundos que ele gastou. Em 15 perguntou como eu me chamava, e em 15 me entregou um nome pronto nas mãos. Um presente que atribui o melhor dessa viagem. Porque o segundo foi poder andar de patins no calçadão, assim que eu cheguei na cidade de Fortaleza. Esse foi o melhor, porque foi de coração. Um presente da casualidade, de alguém que parecia carregar todos os seus bens numa bolsinha de costas.
E mais uma lição eu aprendi. Na vida, não importa o que eu faça, como, ou com quem eu esteja, nem quantas vezes eu mude, ou venha a migrar. O homem anda pelo Brasil em busca da felicidade, e disse tê-la encontrado nas 12 capitais que já morou. Acho que é a mesma felicidade que eu encontro quando viajo e me deparo com histórias e pessoas incríveis. É bom voltar pra casa depois de vivências que preenchem o espírito e a alma de boas energias e vibrações. E eu ainda gosto de voltar, porque acho que devo. Mas quando eu sentir que preciso de mais um tempo consumindo toda essa vibe la de fora, eu pego minhas coisas e um pouco de coragem, e faço como esse cara: vou andar por aí, achando felicidade pelo mundo. Parece tão simples. Mas são riquezas presenteadas pelo Criador. Vejo muito de Deus em tudo isso.

Precisei, ainda que de forma bem resumida, compartilhar um pouco dessa experiência com vocês.
Sintam-se abraçados


Karlos ;)



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