Sempre fico lisonjeado com todas as mensagens de carinho e declarações que nunca são ditas num dia como outro qualquer. Amigos, colegas, família, e até agregados da casualidade, fazem de um dia de "aniversário", (mesmo com todos os contras) sempre especial. Mas é esse o motivo. As verdades que nos são ditas. As declarações exageradas. E até as juras de amor 'eterno' - mesmo que não dure a vida inteira.
Outro fator importante nesta data, é o calor humano que ultrapassa todos os fatores verbais. Se você abraça uma pessoa por dia, no dia do seu aniversário você abraça até um passante na tua calçada. Porque se ele souber que é teu aniversário, ele vai lá, mesmo sem te conhecer, te estende a mão e te dá um abraço. Cumplicidade. isso é tão lindo!
No tempo que eu não era dono dos meus fazeres, minha mãe sempre fazia uma festa: com balões, bolo, brigadeiro e mesa farta. Não importava o custo. O dia do aniversário era sempre dentro dos padrões-clichês que a data exigia, ou exige. Eu nunca gostei da data, a não ser dos presentes, claro!. Mas por outro lado, sempre adorei o fato de receber amigos em casa. Eu ficava pensando no quanto era difícil reunir todos eles num dia só, e vi o lado bom da festa de aniversário. Desde esse tempo, valorizo a importância de receber os amigos e abraça-los. Nunca me importei com presentes. Mas as palavras, essas eu guardei no meu coração até atingir a idade adulta (retificando: quase adulta - hshshs).
Na adolescência, a festa mudou de endereço. Numa pizzaria da cidade, bem na orla de João Pessoa, os encontros do dia 15 de novembro continuaram. Sempre com um novo 'set' de amigos, a bagunça e o calor era o de sempre. Daquelas reuniões eu tirava a essência que eu precisava para entender e aproveitar os motivos da minha existência. Os sorrisos. As brincadeiras. Os abraços. E muitas outras coisas que nem sei definir em palavras.
O simples fato de estar tudo bem, e todos bem, era motivo suficientes de gozar mais uma gostosa reunião com direito a fogos e sopro de velinhas. Mas logo veio o peso das primeiras despedidas. A primeira morte de um amigo, quando tínhamos apenas 18 anos - bem no auge, no meu ponto de vista, da melhor fase da vida de alguém. E também a morte do meu avô, há quase dois anos. Bem recente por sinal. Um turbilhão de coisas aconteceram na minha cabeça. Mas eu me permitir todos os segundos de sofrimento que a falta causou. E vem causando, com menos intensidade. As vezes fico pensando: será que a medida que forem morrendo as pessoas, não só quem vemos todos os anos, mas todos os dias, a gente vai esquecendo das outras, diminuindo assim a dor da ausência? Eu nunca parei para pensar na morte. Sempre temia até falar sobre ela. Só sei que pensar na falta de alguém que a gente ama, dói muito.
Demorei, mas percebi que eu estava me deixando levar por sentimentos negativos. Antes que eu perdesse mais alguém, mudei minha maneira de comemorar, e ao invés de festejar uma vez no ano, resolvi celebrar a vida todos os dias. Abraçar as pessoas. Dizer o que penso. Viajar na reciprocidade dos sorrisos. Dos sonhos. Valorizar o companheirismo. Passei a encarar a vida de frente, consciente que a morte vem sem prazos, e faço jus à um brinde por dia.
Ando por ai vivendo. Viajando, tocando violão sem cordas. Escrevendo páginas e mais páginas na minha vida vagabunda. Hora sendo poeta, hora sendo cantor, mas sempre sendo jornalista. A vida, comemoro agora todos os dias. Hoje é só mais um 15 de novembro, e eu vou comemorar como ontem: às margens do pouco tempo de velas que me restam. Acreditem... Eu estou muito feliz! \o/
PS
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